Livro dos Cinco Anéis

Musashi é capaz de mudar vidas com o seu pensamento. A incerteza do resultado dissipa-se perante o espírito de um homem que em cada golpe pretendia matar. Não havia rodeios, nem ele os queria. Através de conceitos fluídos, flexibilidade diante do oponente e uma firmeza leve e compacta nos momentos certos, era capaz de ser decisivo através do seu espírito. Lutas acabavam mesmo antes de começar, o foco deste livro é isso mesmo.

Expõe a leveza que sentia e prezava por escrito, ideias difíceis de alguma vez compreender desta maneira, e por isso somos confrontados inúmeras vezes por passagens onde nos pede para “atentar bem nesta matéria”, ou para “practica(rmos) incansávelmente o que referi”. Porque o “Livro dos Cinco Anéis” não é necessariamente um livro com uma filosofia e palavras complexas, mas sim um livro de prácticas incansáveis, tentativas de explorar gestos e ações que foram tão naturais a Musashi como nadar é a um peixe.

Quantas vezes nos perdemos a fazer algo desprovido de sentido e objetivo nas nossas vidas? Quantas vezes não acreditamos que aquilo que fazemos vai ser relevante no futuro? Quantas vezes tentamos com a perspetiva de apenas continuar a existir?

Se fizeres, faz com certeza, com fé, mas com o teu espirito contido nas linhas do teu corpo e com a flexibilidade necessária para melhorar e adaptares-te à realidade onde te encontras, tirando o proveito máximo daquilo que és e do que te rodeia.

Conhece aquilo que não sabes, faz do vazio a tua casa e vê aquilo que não pode ser visto pelo olho parcial. Estuda os outros, por vezes encontrarás neles a resposta que procuras. Aprende o que significa ganho e perda numa vertente comum. Treina e não percas tempo com matérias inuteis, é o teu trabalho.

O caminho da estratégia é um caminho que dura a vida inteira. E o livro de Musashi escolhe ensinar mediante a pessoa que o lê.

Este, apesar de ser o primeiro, não terá nota.

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