Esta foi claramente uma leitura que me foi “ganhando”.
Confesso não ser o maior fã de literatura dos Estados Unidos. Acho muitas vezes demasiado pitoresca e com descrições desnecessárias. De maneira geral, detesto histórias que existem para os autores se proclamarem como escritores, e não para serem apreciadas enquanto histórias.
Dito isto, tive esse pressentimento com este livro.
Já tinha visto por diversas vezes os livros de Steinbeck à venda, mas só através de uma troca é que tive o meu primeiro na mão.
“O Longo Vale” é uma compilação de contos, e parece-me também ser um registo da evolução da escrita de Steinbeck pela maneira como estão ordenados (bom trabalho dos editores).
Tive a sensação de que havia uma certa ansiedade ao contar as primeiras histórias. O detalhe exagerado na paisagem que se alastrou ao conto minucioso das emoções dos personagens quebrou a regra clássica da narrativa “show, don’t tell”, e por vezes deixou-me confuso.
Dado ter sido uma “prenda”, decidi continuar com o livro, e ainda bem que o fiz.
Apesar do começo fraco, a subida é constante. Apercebi-me disto no conto “O Ataque”, e fiquei destroçado com a história “O Potro Vermelho”. Pareceu-me ser uma escrita mais refinada, sem elementos desnecessários, apenas prosa bonita misturada em enredos por vezes duros, reais e ambíguos.
De realçar o conto “O Colete Ortopédico”, o “Assassínio” e “Johnny Bear”, além daqueles que já foram mencionados.
A “magna opus” de Steinbeck é, segundo consta, “As Vinhas da Ira”, que foi escrita depois deste livro. Estou disposto a dar uma chance, apenas porque foi escrito posteriormente a este.