A minha maior vergonha
é que não sou quem escreve isto
por vezes
apenas me sento
e deixo tudo cair
da cascata
do que sinto
Sou a fugacidade do momento
o sopro espontâneo da vergonha do não ser
uma obra inacabada
por nem se quer
ter sido
pensada
planeada
começada
Sou a ponta dos dedos no teclado,
a caneta que rasga o papel
Aquele “mais nada” que só é
quando no quadro
toca
o
pincel
Se é mau?
que o seja
Se é original?
até pode parecer
mas todos os dias me pergunto
será que alguém já foi
aquilo que se sentou
para escrever?